sexta-feira, 12 de novembro de 2010

REPORTAGEM ESPECIAL - OS QUILOMBOS

No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos no meio da mata onde podiam ser 'livres”. Estes locais eram chamados quilombos. Nestas comunidades, eles podiam viver sua cultura africana, plantando e produzindo em comunidade. Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas.


A luta pela titulação das terras dos remanescentes de quilombos no Brasil é antiga e ganhou força a partir da Constituição Federal de 1988, que garantiu às comunidades o direito a suas terras.
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos”
(Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - Constituição Federal de 1988)

Pelo menos 45 comunidades quilombolas do sul da Bahia, apesar de já terem sido reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares, não tiveram o direito à posse de suas terras assegurado
O Ministério Público Federal (MPF) em Ilhéus (BA) recomendou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que inicie, imediatamente, os procedimentos necessários para a regularização da posse das terras pertencentes às comunidades remanescentes de quilombolas no sul do estado. De acordo com a Constituição Federal, é assegurado o direito de reconhecimento definitivo da propriedade aos remanescentes de quilombolas que estejam ocupando suas respectivas terras. ( in www.ecodebate.com.br/tag/quilombolas)

A palavra "quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quibundo) ou "ochilombo" ( Umbundo), presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região de Angola, na Africa Ocidental. Originalmente, designava apenas um lugar de pouso utilizado por populações nômades ou em deslocamento; posteriormente passou a designar também as paragens e acampamentos das caravanas que faziam o comércio de cera, escravos e outros itens cobiçados pelos colonizadores. ( in .wikipedia.org/wiki/quilombo)

ENTREVISTA COM SR. EUSTÁQUIO, NETO DE ESCRAVA



Seu Eustáquio Francisco Damasceno
nasceu em 4 de setembro de 1920 .
( foto Flora Paranhos – 7/ 11/ 2010)

Conheci seu Eustáquio em uma viagem onde passei por Jatimane.

- Onde o senhor nasceu?
Seu Eustáquio nasceu em Barra de Carvalho, Bahia. Ele Morou no Rio de Janeiro, em Porto Velho,Bahia e depois voltou para Jatimane onde mora até hoje, município de Nilo Peçonha, Bahia, comunidade formada por remanescentes quilombolas. Seu Eustáquio é mais velho que a cidade de Jatimane.

- De onde surgiu o nome Jatimane?
Na cidade existiam dois irmãos um chamado José e outro chamado Manuel que apelidaram por mane. E a junção dos dois nomes acabou se tornando Jatimane.

- Sua família é de onde?
Os pais eram de Porto Velho, cidade próxima a Jatimane, onde ficava o verdadeiro quilombo.

- Seus avós foram escravos?
A avó e a bisavó de seu Eustáquio foram escravas. Sua bisavó foi capturada em Santarém ( nome dado pelos Portugueses que lá chegaram), cidade hoje chamada de Ituberá.

- Do que vivem os moradores daqui ?
Há muito tempo os moradores de Jatimane vivem basicamente da pesca e da piaçava .Segundo ele, quando mais jovem pescava em Porto Velho e de lá mandava o peixe para Ituberá. Levava também cacau e piaçava de barco para Salvador e de lá voltava com farinha, açúcar e café. Seu Eustáquio quando recebeu a notícia de que para ganhar a aposentadoria não poderia mais trabalhar teve um derrame, pois gostava muito de trabalhar. “ O suor da gente é o alimento” frase de Eustáquio Francisco.

Por Flora Paranhos - 2ºC

Nenhum comentário:

Postar um comentário